Assembleia de profissionais da educação do Rio decide início de greve na rede municipal

Paralisação da categoria contra o Projeto de Lei Complementar 186 começa nesta segunda-feira

Assembleia de profissionais da educação do Rio decide início de greve na rede municipal
Cerca de 1,8 mil pessoas participaram de assembleia que aprovou início da greve dos profissionais de educação Armando Paiva/Agência O Dia

Rio - Profissionais da educação do Rio aprovaram, em assembleia, o início da greve na rede municipal, a partir desta segunda-feira (25). A categoria decidiu pela paralisação contra o Projeto de Lei Complementar 186/2024, que pode ser votado nesta terça-feira (26), na Câmara de Vereadores. O encontro aconteceu na quadra da escola de samba São Clemente, na Avenida Presidente Vargas, próxima à sede da prefeitura, na Cidade Nova, Região Central, e reuniu cerca 1,8 mil pessoas.

No último dia 12, outra assembleia já havia aprovado a paralisação da categoria, caso a proposta não fosse retirada da pauta da Câmara. Além de representantes da categoria, a reunião contou com a presença do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), e do ex-deputado federal Cyro Garcia (PSTU), ambos candidatos à Prefeitura do Rio nas eleições municipais de 2024, mas não se elegeram. Houve ainda participação do vereador eleito Leonel de Esquerda (PT).

Após a assembleia, o grupo seguiu para uma manifestação em frente à Prefeitura do Rio. Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio (Sepe), Marcel Gavazza, a greve será realizada por tempo indeterminado, com a expectativa de pressionar o prefeito para a retirada do projeto. Nesta terça-feira (26), os profissionais vão realizar uma vigília na Câmara Municipal, também como forma de protesto, e outros atos pela cidade, na quarta-feira (27). Uma nova reunião define a continuidade da paralisação, na próxima sexta-feira (29).

"A gente está em greve por tempo indeterminado e amanhã vamos fazer uma vigília na Câmara de Vereadores, desde às 9h. O objetivo da greve é claro: a retirado do projeto de lei que ataca os servidores públicos (...) Hoje já estamos em greve e vamos ficar até a próxima assembleia, esperando ser recebidos pelo prefeito. Agora estamos aqui fechando a Presidente Vargas, exigindo que ele receba o sindicato, os professores e funcionários. A gente têm uma série de problemas na educação mas, atualmente, estamos lutando apenas para não perder ainda mais", afirmou Gavazza.

De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), a manifestação interdita a Avenida Presidente Vargas, no sentido Candelária, na altura da Cidade Nova. O trânsito tem reflexos desde altura da Praça da Bandeira e a orientação é para que os motoristas utilizem a Avenida Francisco Bicalho e a Via Expressa do Porto. Equipes da Polícia Militar estão no local.

 

Procurada por O DIA, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que "tem feito diversas reuniões, de forma constante, com o sindicato e segue dialogando com representantes da categoria".

 

Segundo o Sepe, a categoria se posicionou contra um pacote de medidas apresentado pelo prefeito Eduardo Paes à Câmara Municipal, o qual disse trazer "vários ataques graves aos servidores municipais". A proposta prevê, entre outros pontos, a "necessária modernização de aspectos pontuais relativos ao regime jurídico dos servidores públicos, tendo em vista que o Estatuto dos Servidores é datado de 1979, carecendo de atualização para os tempos atuais".

No texto do projeto, o prefeito do Rio justificou que a iniciativa permitirá que a administração municipal "incorpore melhores e mais adequadas práticas no desempenho de suas atividades, com maior segurança jurídica, evitando judicialização desnecessária e promovendo a eficiência no serviço público, com o melhor aproveitamento e valorização dos servidores".

 

Em um comunicado, o Sindicato afirmou que a medida retira e ataca direitos dos servidores municipais, como férias e licença especial, e faz com que os professores deem mais aulas, perdendo tempo de planejamento. "Uma crueldade, que rouba o tempo de quem educa. Exigimos que ele seja retirado e também a revogação da Lei 8.666, que amplia o prazo de duração dos contratos temporários para seis anos". O sindicato ainda divulgou uma petição online contra a proposta, pedindo apoio dos profissionais, estudantes e responsáveis.

 

No último dia 14, o Sepe enviou um ofício ao prefeito e ao secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, informando sobre a greve por tempo indeterminado, caso as demandas da categoria não fossem aceitas. Desde a última assembleia, profissionais e estudantes realizaram uma série de manifestações contra a proposta, uma delas em 19 de novembro, no Catete, Zona Sul, quando a cidade sediava a segunda reunião de cúpula dos líderes do G20, no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, na mesma região.