Velório do menino de 4 anos morto no Morro da Fé é marcado por confusão; pai é expulso do cemitério

Davi, de 4 anos, levou um tiro na cabeça após traficantes locais tentarem ‘apartar’ uma briga entre os pais

Velório do menino de 4 anos morto no Morro da Fé é marcado por confusão; pai é expulso do cemitério
A Secretaria de Polícia Militar informou que policiais do 16º BPM (Olaria) foram acionados para verificar a entrada de uma criança ferida por disparos de arma de fogo na unidade hospitalar

O velório do menino Davi Delgado Magno, de 4 anos, foi realizado neste sábado, no Cemitério de Irajá. Segundo o RJTV, da TV Globo, a cerimônia foi marcada por confusão. O pai da criança teria sido cercado por várias pessoas e expulso do local. Davi morreu após ser atingido por um tiro na cabeça durante uma discussão entre os próprios pais, com o envolvimento de um traficante que, supostamente, tentou "apartar" a situação. O caso ocorreu no Morro da Fé, na Penha, Zona Norte do Rio.

A criança chegou a ser levada para o Hospital Getúlio Vargas, no mesmo bairro, mas não resistiu. Agora, os pais de Davi dão versões diferentes sobre o caso.

Segundo a mãe, Raquel Gomes Delgado, de 43 anos, tudo começou quando o ex-companheiro dela, André Rosa Magno, de 48, sequestrou Davi na última segunda-feira e passou a ameaçá-la, dizendo que ela não veria mais o garoto.

A mulher alega que estava separada de André há cerca de um ano e que tem uma medida protetiva contra o ex por violência doméstica e injúria — em 2022, ele chegou a ser condenado por lesão corporal contra um homem que teria interrompido um conflito do então casal.

Ao EXTRA, Raquel disse que já estava morando em outro imóvel, localizado na mesma região onde ocorreu o crime anteontem. Ela conta que, no dia da morte do filho, foi até a frente do prédio em que André vive, na entrada do Morro da Fé, na tentativa de conseguir recuperar a criança. Ela diz que começou a gritar, pedindo para ver Davi, quando criminosos se aproximaram, tentando entender o que estava acontecendo:

— Cheguei e toquei a campainha, mas não sei se estava quebrada, então comecei a gritar pelo André. Acontece que é uma área de risco, e um dos caras veio perguntar o que estava acontecendo. Contei que estava sem ver o meu filho desde segunda-feira e que queria vê-lo.

Segundo Raquel, André apareceu na janela, e o traficante pediu para o homem descer e devolver Davi para a mãe:

— Só que ele demorou muito. Quando desceu, foi direto pela garagem. Ele estava com o Davi no colo. Os caras não iam atirar neles, só pediram para ele me entregar o menino.

Ao se ver cercado por criminosos armados, André, que segundo a ex também estava com uma arma, teria tentado escapar e acabou atropelando o grupo. Os homens reagiram e efetuaram vários disparos conta o veículo. Um deles atingiu Davi.

André dá uma versão diferente sobre o caso. Em depoimento, o homem relatou que estava separado há uma semana de Raquel e que ela saiu de casa na noite de quinta-feira, retornando depois para buscar o filho.

Ele contou que os dois brigaram, e a mulher teria chamado criminosos da região para ajudá-la. André diz que ficou com medo, pegou o filho, colocou no carro e saiu, derrubando o portão da garagem e atingindo o traficante, que então atirou. André nega que estivesse armado.

— Tenho arma, sou CAC, mas como que eu ia estar com meu filho no colo e armado, com os caras de fuzil me ameaçando? Eles arrombaram a garagem, e isso está filmado. Minha garagem tem câmera. Eles abriram a porta do carona e começaram a bater com o bico do fuzil em mim, falando: “Desce, senão tu vai morrer”. Meu carro estava ligado, a oportunidade que eu tive foi jogar a primeira e sair. Arranquei portão e passei por cima deles. Uns 20, 30 metros pra frente, eles começaram a atirar, e uma dessas balas acertou a cabeça do Davi.

Pai do menino nega existência de medida protetiva

Raquel contou ao portal de notícias g1 que tentava se divorciar de forma amigável de André há um ano, mas ele não aceitava. Numa troca de mensagens entre os dois, segundo a mulher, o ex teria enviado prints de uma conversa com a Delegacia da Mulher onde mostrava que tinha sido comunicado sobre a medida protetiva. Segundo Raquel contou ao g1, na quinta-feira, seu ex enviou mensagens pedindo que ela fosse à casa dele e retirasse a medida protetiva.

— Ela diz que tem medida protetiva, mas eu nunca recebi nada. Nenhum oficial de Justiça me procurou para entregar, eu nunca assinei medida protetiva até hoje. Se existe, nunca chegou — afirmou André ao EXTRA.

Segundo a versão de André ao EXTRA, os dois não estariam separados há um ano. No último domingo, eles teriam se desentendido após o jogo do time Botafogo. Raquel seria torcedora e ela teria bebido na comemoração do título, ele teria a alertado de que ficaria bêbada. Ainda de acordo com o relato de André, a mulher sofria com problemas em relação à bebida.

— Eu respondi à mensagem dela no WhatsApp, disse "amor, você vai estragar tudo porque você está sem beber há maior tempão e você quando bebe é sem limite. Você vai acabar chegando em casa muito tarde bêbada" e ela respondeu que só ia beber um pouquinho. Conclusão, ela chegou em casa entre 23h30 e 0h, bêbada e dirigindo com o garoto no carro, entendeu? Aí chegou em casa falando um monte de besteira.

André afirma que ele teria pedido que ela dormisse no quarto do filho do casal.

— Botei o garoto no ar condicionado para dormir comigo, mas depois eu me arrependi. Fui lá pedir perdão a ela, pedir desculpa e trouxe ela de volta para o quarto. Ela voltou para o quarto. Dormiu eu, ela e o Davi no nosso quarto, na nossa cama. De manhã, ela levantou normalmente, foi lá e arrumou o Davi. Pegou o Davi e levou para a escola, depois não voltou mais para casa. Só foi aparecer lá em casa ontem (quinta-feira), às 23h46, com os bandidos.

O pai de Davi contou ainda que, na noite da última quinta-feira, ouviu Raquel chamando por ele três vezes da frente do seu prédio:

— Vi que ela estava sozinha e perguntei: “O que foi?”, porque já tinha uns dias que ela não ia em casa. Ela falou que tinha ido buscar o Davi, e eu falei que tudo bem. Quando falei pra ela subir, os quatro bandidos com fuzis apareceram mandando eu descer.

Procurada, a Polícia Civil informou que foi acionada e periciou o veículo ainda na porta do Hospital Getúlio Vargas. Ontem à tarde, agentes estiveram na região do Morro da Fé para perícias.

A Secretaria de Polícia Militar informou que policiais do 16º BPM (Olaria) foram acionados para verificar a entrada de uma criança ferida por disparos de arma de fogo na unidade hospitalar. “Chegando ao local, os policiais foram informados que a criança veio a óbito, após o veículo do pai ter sido alvo de disparos por homens armados do Morro da Fé”, diz a nota. O crime é investigado pela Delegacia de Homicídios.

Fonte: Aliados Brasil Notícia.

https://www.aliadosbrasiloficial.com.br/noticia/velorio-do-menino-de-4-anos-morto-no-morro-da-fe-e-marcado-por-confusao-pai-e-expulso-do-cemiterio