Infecção por HIV: secretário garante investigação contra qualquer pessoa, sem descartar Dr. Luizinho
Laboratório investigado por contaminação de transplantes por HIV foi alvo de operação / Reginaldo Pimenta/Agência O DIA
Delegado Felipe Curi disse que a apuração sobre o laboratório PCS Saleme segue em andamento; deputado federal era secretário de Estado de Saúde na época de contrato
Rio - O secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, disse, em coletiva na manhã desta segunda-feira (14), que a investigação sobre o laboratório PCS Saleme, acusado de errar em testes de HIV que provocaram contaminações de pacientes, seguirá contra qualquer pessoa que esteja relacionada, não descartando o deputado federal e ex-secretário de Estado de Saúde, Dr. Luizinho (PP).
O parlamentar não foi alvo da operação desta segunda realizada pela Polícia Civil, que terminou com duas pessoas presas e 11 mandados de busca e apreensão cumpridos. Ao ser questionado se a investigação irá avançar para o lado político, com relação à época em que o contrato foi feito, Curi destacou que se provas apontarem para essa direção, a apuração será realizada.
"A Polícia Civil não investiga CPFs nem CNPJs, nós investigamos fatos. Até o momento, todas as pessoas que foram alvos da operação de hoje (segunda) surgiram durante as investigações, durante os depoimentos e os elementos que nós colhemos inicialmente. Agora, no desenrolar das investigações e a partir da análise das novas evidências que foram colhidas, nós vamos chegar a qualquer pessoa, independentemente de quem seja. Desde que as provas carreadas aos autos apontem nessa direção. Nada impede que posteriormente outras pessoas sejam investigadas e sejam depois objetos de apuração", disse o secretário.
A empresa foi contratada pela Fundação Saúde, no mesmo período da gestão do parlamentar, que ocorreu de janeiro a setembro de 2023. Os contratos, firmados entre fevereiro de 2023 até o mesmo mês de 2024, previam o pagamento de mais de R$ 17,5 milhões ao laboratório.
De acordo com informações do Portal da Transparência da Fundação Saúde, os acordos foram feitos para a realização de exames de análises clínicas e anatomia patológica. O primeiro é de 16 de fevereiro de 2023, época em que Dr. Luizinho era secretário de Estado de Saúde, e foi firmado com dispensa de licitação. O documento estipula o pagamento de R$ 2.171.362,10 para atuação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Bangu, Campo Grande e Realengo, na Zona Oeste.
O segundo contrato, assinado em 5 de outubro de 2023, foi firmado para a prestação do serviço, também sem licitação, no Hospital Estadual Ricardo Cruz (Hercruz), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O laboratório funcionava no Centro do município, antes de ser interditado, quinta-feira (10). O documento estipula o pagamento de R$ 3.887.842,53.
Já no terceiro foi feito por pregão eletrônico e assinado em 1ª de dezembro do ano passado. O documento, que tem o valor mais alto, foi firmado para atender unidades sob gestão da Fundação Saúde pelo período de 12 meses, entre eles a Central Estadual de Transplantes do Rio (RJ Transplantes). O montante a ser pago ao laboratório era de R$ 9.799.836,03.
Entretanto, um termo aditivo de 29 de fevereiro deste ano incluiu os Postos de Atendimento Médicos (PAMs) de Cavalcanti e Coelho Neto, na Zona Norte, e houve acréscimo de R$ 1.679.459,04 no valor a ser pago ao PCS Lab, chegando a R$ 11.479.295,07. Ao todo, os três contratos somam R$ 17.538.499,70. Contudo, dados do Portal da Transparência do Governo do Estado mostram valores que, somados, passam dos R$ 21 milhões.
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